Mergermarket, a principal provedora de dados e inteligência de fusões e aquisições (M&A), anunciou que as operações deste tipo em Portugal atingiram em 2018 o valor mais alto registado até agora – 61 operações no valor de €27.200 milhões, incluindo os €22.900 milhões propostos para a aquisição da EDP pela China Three Gorges. Mesmo que excluindo da contagem o valor desta OPA, a atividade de fusões e aquisições registadas em Portugal em 2018 (€4.300 milhões) já ultrapassa os valores dos anos 2016 (€3.700 milhões) e 2017 (€3.600 milhões), em linha com a recuperação económica do país nos últimos anos. Estes dados foram revelados na 2.ª edição do “M&A Outlook: Portugal Breakfast Briefing”, organizado pela Mergermarket em Lisboa, a 15 de Novembro.
As operações mais relevantes neste âmbito foram realizadas entre a Abanca Corporación Bancaria e o Deutsche Bank Portugal, entre a Horizon Equity/Morgan Stanley Infrastructure e a PT Portugal SGPS, e ainda entre a Kildare Partners e o Lagoas Park.
A maioria das operações de M&A registadas são inbound, com 73,8% dos negócios a serem levados a cabo por investidores estrangeiros, o que se traduziu em 45 transações no valor de €26.600 milhões – o valor acumulado YTD (year to date, dados acumulados até Novembro) mais elevado de sempre, comparando com iguais períodos de anos anteriores. O investimento estrangeiro é maioritariamente proveniente do resto da Europa, com um total de 32 operações anunciadas este ano – mais seis do que em 2017. As operações inbound provenientes de Espanha atingiram o maior valor até agora (€1.700 milhões) e, em volume, regista-se apenas uma operação a menos do que o recorde anual de nove. Relativamente ao investimento asiático em Portugal – e apesar das preocupações com o mesmo noutros países da Europa – tem-se registado estabilidade, com oito operações até à data em 2018: o mesmo número que em 2017.
“Portugal está manifestamente “hot”, atraindo fundos nacionais e internacionais que procuram investir em empresas médias e em empresas familiares”, comentou Mariana Norton, M&A and PE Partner of Cuatrecasas na conferência.
“Como tendência, assistimos ao surgimento de novos players no mercado de private equity, com equipas locais muito experientes a levantarem fundos a nível local e internacional para investirem em pequenas e médias empresas portuguesas com diferentes estratégias seja o foco na exportação e consolidação de oportunidades, seja em negócios rentáveis com capacidade de crescimento, enquanto que os GP ibéricos e internacionais, bem como fundos, têm Portugal no radar, na busca de oportunidades no segmento ou negócios de maior dimensão”, acrescentou a advogada.
Já Clemens Kueppers, sócio da Liva Partners, também presente no evento, referiu que “As fusões e aquisições em Portugal registaram um aumento constante nos últimos três anos devido ao ambiente favorável para o negócio e às condições de mercado. Portugal tem uma indústria de Private Equity respeitável e existe um notório interesse de investidores internacionais da área em ativos portugueses. O seguro de M&A, que é frequentemente utilizado nos EUA, no Reino Unido e na Alemanha em operações que envolvem Private Equity, está a ser cada vez mais utilizado em transações portuguesas. À imagem do que é demonstrado por seguradoras e corretoras que começam a criar recursos de fusões e aquisições na Península Ibérica, esperamos que este crescimento continue.”
Por sua vez, Tiago Vidal, sócio e diretor geral da Llorente&Cuenca em Portugal, defendeu que “o crescente número de investidores estrangeiros envolvidos em fusões e aquisições em Portugal realça a importância de compreender o contexto mais amplo das negociações, bem como os principais stakeholders necessários para construir canais de comunicação adequados a fim de concluir com sucesso o processo de M&A.”
“Tem-se verificado em Portugal um aumento considerável em M&A este ano e a recuperação em curso deverá fazer com que empresas e patrocinadores financeiros continuem ativos em 2019″, comentou Jonathan Klonoswki, research editor EMEA, Mergermarket.
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